terça-feira, 6 de março de 2012

BRASIL: TORRE DE BABEL


          Gíria é em sentido lato, a linguagem especial de um grupo social ou classe profissional; em sentido restrito, linguagem particular de um grupo caracterizada por deformações intencionais, criações anômalas, transformações semânticas, de caráter burlesco, jocoso ou depreciativo. (LUFT, 1973)
Num sentido lingüisticamente mais técnico: representa exclusivamente uma forma de língua na qual o léxico específico está ligado a um grupo social, ou porque o grupo tem uma vida fechada (a gíria politécnica), ou porque ele elaborou uma língua secreta que o protege (a gíria dos malfeitores, a gíria dos mercadores, comerciantes). (MOUNIN, 1993)
           A gíria é uma variedade lingüística compartilhada por um grupo restrito (por idade ou por ocupação), que é falada para excluir da comunicação as pessoas estranhas e para reforçar o sentimento de identidade dos que pertencem ao grupo. (CARDONA, 1991)
          Pelas definições dadas acima, fica claro que as gírias vão de encontro ao que pensava Bertrand Russel, pois ele defendia uma língua sem nenhum elemento obscuro ou incerto. Uma frase, para ele, possui vida própria, independe do sujeito e da experiência. Todos deveriam ter a possibilidade de entender todas as palavras, e o uso das gírias não permite que isso seja realizado. Em oposição a Russel, temos Ludwig Wittgenstein e seus jogos de linguagem. Os jogos de linguagem de Wittgenstein consistem na utilização de palavras que adquirem um sentido distinto do original dependo da situação ou do lugar em que é falada. E gíria também é isso: uma palavra que é usada fora de seu sentido denotativo. 
 
ALGUNS EXEMPLOS
Girias Cearenses
"Butar buneco!" - Se divertir!
"Diabéisso?" - O que é isso?
"Deixe de arrudei!" - Pare de enrolar!
"É bem pixototim!" - É bem pequeno!
"Ele é chei do leriado!" - Ele é conversador!
"Ele é muito estribado!" - Ele é muito rico!
"Ele é môco!" - Ele é surdo!
"Ela pelejou quissó!" - Ela tentou bastante!
"Ele só quer ser as pregas!" - Ele quer ser muita coisa!
"Isso é miolo de pote!" - Isso é besteira!
"No rumo da venta!" - Em frente! 
 

    Girias Fluminenses
Ficou na pista - Deu mole em alguma coisa, passou vergonha
Vacilou - Marcou bobeira
Puxar um beck - Fumar droga (cocaína, maconha...)
Zoar ou Zueira - Fazer bagunça
Nóia - Usuário de droga, que trafica, drogado
Fita forte - Produto de roubo
Dar um rolê - Passear, sair
Ei tá preula - Ficar impressionado
Bagulho - alguma coisa (como folha, carro e etc)
Marola - Cigarro de maconha
Ficou pequeno - Ficou mal falado
Queimou meu filme - fizeram fofoca a respeito de você
Rasga - Sai correndo, sai daqui 
 
 
 
 
 
 
 
 


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Gírias Gaúchas
Acolherar; Acolherar-se - Unir, juntar, juntar-se, associa-se.
Alambrado - aramado; cerca feita de fios de arame.
Amargo - Chimarrão, mate amargo.
Apear - Descer; apear-se do cavalo.
Bagual - Potro recentemente domado, arisco, bisonho.
Bergamota - tangerina, mexerica.
Bochinche - Desordem, briga; baile de ínfima classe.
Bolicho /e - Pequena casa de negócio; taverna,. Bodega.
Bueno - bom; está bem; perfeitamente.
Cambicho - Apego, paixão, rabicho.
Campear - Procurar pelo Campo.
Cana, canha - cachaça, aguardente.
Carreira - Corrida de cavalo, em cancha reta.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Gírias Bahianas
A locé: como bem quer
A par de: do lado
Acompanhar farrancho: meter-se em complicações Alcaides: coisa fora de moda, ruim
Alodê, arigofe, pau-de-fumo: homem muito preto Amarrar o facão: climatério
Antonces: então
Aqui d'el-rei: socorro
Armar-se cavalheiro: tomar coragem
Azuretado: confuso
Babaquara: senil
Bacuejo: meio banho de asseio
Bacuar e lambicar: destilar coriza
Banguela: desdentado
 Berimbela: teia de aranha suja
Bleforé e caga-fumo: bailes de ínfima categoria Borocotó: lugar cheio de buracos
Caboré: vasilha de barro destinada a aparar o café coado
Cabuleté: pessoa escura e sem linha
Cacareco: móveis velhos
Cacumbu: faca pequena
Cacundé: coisas guardadas no fundo da mala
Café azedo: sem açúcar

 

SONS ANIMADOS

Onomatopéia. Significa imitar um som com um fonema ou palavra. Ruídos, gritos, canto de animais, sons da natureza, barulho de máquinas, o timbre da voz humana fazem parte do universo das onomatopéias. Por exemplo, para os índios tupis tak e tatak significam dar estalo ou bater e tek é o som de algo quebrando. As onomatopéias, em geral, são de entendimento universal.
Ao dizermos que um grilo faz "cri cri" ou que batemos à porta e fazemos "toc toc", estamos utilizando onomatopéias. Aristófanes, na sua peça "As rãs", faz uso de determinadas palavras que, no grego original, pretendem imitar o som desses animais; usa, portanto, uma figura retórica que é também de carácter onomatopeico.

Exemplos: tilintar, grasnar, piar,cacarejar, zurrar, miar


Muitas pessoas não sabem O Que Onomatopeia? mas vamos ver nesse artigo que palavra estranha é essa e o que significa.  Nome vem da Grécia antiga que significava no passado “criar nomes” ou “fazer nomes, ou melhor, se expressando afigurar um nome afigurar um termo que é claro seria as figuras de linguagens, esta particularmente reproduz um som utilizando um fonema ou palavra”.

Leia esses versos de Jorge de Lima:

“(…) foguetes, bombas, chuvinhas,
chios, chuveiros, chiando,
chiando
chovendo
chuvas de fogo
chá – Bum?”

Observe que o eu lírico construiu o sentido do poema explorando palavras cujo som dos fonemas lembra a coisa representada. Ou seja, o que acontece nesses versos é a imitação, por palavras, do som natural das coisas. Chamamos essa figura de linguagem de onomatopeia.

Veja outros exemplos:

“E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano.” (Machado de Assis)

“Passa tempo
Tic-tac
Tic-tac
Passa hora chega logo
Tic-tac
Tic-tac
E vai-te embora
Passa tempo
Bem depressa
Não atrasa
Nem demora (…) (Vinícius de Morais)

“E tia Gabriela sogra grasnadeira grasnou graves grosas de infâmia.” (Oswald de Andrade)

Neste último exemplo, a repetição do som das letras “gr” imitam o som que expressa “raiva”, enfatizando assim o sentido que as palavras pretendem transmitir.

Exemplos de palavras onomatopaicas:

Atchim – espirro.
Piu-piu: canto do passarinho
Din-don: o som da campainha
Tibum: o som de alguém caindo
Buá: o choro de alguém
Snif: fungado.

atividade:
Para iniciar a atividade, o professor deverá entregar aos alunos cópias da seguinte imagem: